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O ciclo da água

in Jardim/Horta

Ciclo da água

 

De todos os processos naturais, e todos são fundamentais para o equilíbrio ambiental que fornece as condições vitais para a Vida, o ciclo da água revela-se o mais importante ou crítico pois é um recurso base e essencial para a existência de todas as formas de vida. Está presente em todos os seres vivos, o seu consumo diário é critício e o ciclo global da água alimenta todo o equilíbrio ambiental do Planeta.

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A água cobre 71% da superfície da Terra: 1,6% encontra-se em aquíferos e 0,001% na atmosfera como vapor, nuvens (formadas de partículas de água sólida e líquida suspensas no ar) e precipitação. Os oceanos detêm 97% da água superficial, glaciares e calotas polares detêm 2,4%, e outros, como rios, lagos e lagoas detêm 0,6% da água do Planeta.

Apesar da enorme quantidade de água que temos disponível, apenas uma parte encontra-se potável para consumo humano e utilização na agricultura e demais actividades. Falamos de todos os rios, lagos e lagoas, aquíferos, assim como a água disponível em gelo – aproximadamente 90% de toda a água potável encontra-se no Antártico – assim como a água resultante directamente da precipitação.

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Daí que, em parte, o calendário agrícola esteja localmente por tradição adaptado às variantes climatéricas, até na perspectiva de aproveitamento da percipitação natural – o que historicamente era fundamental. Com a revolução tecnológica e industrial hoje dispômos de várias formas de captar água que nos tornaram enquanto sociedade menos sensíveis para este ciclo natural.

No entanto, hoje estamos a degradar este recurso ao não respeitarmos tanto este ciclo como as fontes disponíveis de forma sustentável. Actualmente cerca de 70% da água potável do mundo é consumida na agricultura e considera-se que dessa utilização cerca de 60% é considerada desperdício por práticas erradas ou ineficientes.

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A sobre-utilização de água na Agricultura convencional moderna levou, nas regiões mais intensivas, a uma redução dos caudais pouco profundos (vulgarmente conhecidos como poços), acompanhado de uma crescente poluição dos rios, lagos e lagoas – também provocada pela actividade industrial.

O desenvolvimento tecnológico permitiu atingir cada vez maiores profundidades o que promoveu também uma crescente utilização de aquíferos subterrãneos – o que constitui um problema crescente não só pela sobre-utilização como o facto deste recurso ter um ciclo próprio: um aquífero é uma formação ou grupo de formações geológicas que pode armazenar água subterrânea, resultante da lenta infiltração da água nas rochas. Se alguns aquíferos mais superficiais têm a capacidade de se regenerar rapidamente, os reservatórios naturais mais profundos constituem uma fonte não sustentável dado ser necessário muito tempo até o reservatório poder se regenerar. Ao mesmo tempo, estes reservatórios recebem também toda a poluição que produzimos, o que constitui uma ameaça no sentido em que estes reservatórios são, no fundo, uma reserva de emergência.

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Ao mesmo tempo é também importante perceber o papel da Floresta no ciclo da água, no sentido de que esta cria a camada orgânica natural nas encostas que capta e retêm a água, provocado uma lenta infiltração da água no solo que vai alimentar os caudais dos rios, ribeiros, lagos e lagoas. Esta é a importância de preservar as bacias hidrográficas como forma de salvaguardar os caudais dos nossos rios, cada vez mais afectados também por práticas erradas de gestão florestal como monoculturas, especialmente com espécies não nativas – as quais se revelam desadequadamente exigentes de água face às condições climatéricas locais, como é o caso do Eucalipto em Portugal.

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O Ciclo da água ensina-nos que a Natureza tem de ser respeitada e devemos procurar trabalhar com ela. As fontes realmente sustentáveis – que requerem em todo o caso uma utilização racional – são os rios, ribeiros e riachos, lagos e lagoas naturais, assim como os caudais subterrâneos mais superficiais. Estes devem ser utilizados com a máxima eficiência e respeito. Para tal é importante defendermos também a Floresta, a floresta nativa e a sua bio-diversidade natural, com a sua fauna e flora – protegida da poluição e da má utilização. Antigamente este respeito era uma obrigação dado não haver “outra forma”; hoje apesar de toda a disponibilidade devemos procurar cada vez mais ser um actor positivo na utilização deste elemento.

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Numa exploração agrícola ou unidade familiar é possível encontrar diversas alternativas que permitem tornar a utilização de água mais eficiente ou mesmo sustentável. Antes de mais procura-se sempre um abastecimento de água por gravidade, de um rio ou nascente. Esta será sempre a situação mais favorável, garantindo ser uma fonte fresca e limpa de água.

No caso desta não estar disponível, ou mesmo para uma gestão mais eficiente da mesma existem outras abordagens que permitem ou aumentar a retenção ou reduzir o consumo deste recurso:

– Valas de infiltração em curva de nível ou swales – aproveitando o declive natural desenhamos valas de infiltração em curva de nível para reter e infiltrar água no solo.

– Captação de água de telhados – multiplicando a área de telhado (m2) pela pluviosidade anual média (da última década) conseguimos estimar a quantidade de água que um telhado pode recolher durante um inverno, para uma sisterna, depósito, tanque ou lago natural. Usando a gravidade e a geografia de um local específico, todo o sistema pode até dispensar energia.

– Cobertura de solo morta ou mulching – cobrindo as hortícolas, árvores e arbustos com uma cobertura de palha protegemos o solo do calor e aumentamos a retenção de água.

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Valas de infiltração em curva de nível ou swales

Cobertura morta de solo ou mulching

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