História dos pauliteiros de Miranda
A dança dos Pauliteiros de Miranda, região nordeste de Portugal em Trás os Montes, é bastante conhecida inclusivamente a nível internacional, mas a sua verdadeira origem desconhece-se.
Diz-se que esta dança surgiu na Transilvânia durante a 2ª idade do ferro, sendo na altura uma dança de espadas que se espalhou pela Europa Central até chegar à Península Ibérica. Já no séc.I, o historiador Plínio falava nestas danças. Mais tarde, no séc.III, o geógrafo latino Strabão refere que quando os celtiberos se preparavam para os combates, faziam estas danças guerreiras substituindo as espadas por paus. Posteriormente, os suevos, romanos e visigodos mantiveram estas danças mas em festas agrárias em rituais de fertilidade. No século X, a Igreja Católica resolveu adoptar as danças para festas dos santos correspondentes às épocas do solstício e das colheitas. Nesta altura de festas cristãs, os Pauliteiros de Miranda percorriam as povoações participando nas procissões, recolhendo esmolas, para no final fazerem uma exibição.
Este costume é muito similar às danças pírricas, em que os dançarinos usavam túnicas vermelhas, cinturões guarnecidos de aço e armas e escudos de pau, Os músicos usavam capacetes emplumados. Já os dançarinos colocavam-se em 2 filas, dançando ao som da flauta.
A semelhança nota-se na substituição do escudo pelo lenço sobre os ombros, as túnicas pelas saias, os chapéus enfeitados e a utilização da flauta pastoril.
A dança dos Pauliteiros de Miranda é composta por um grupo de:
- oito dançarinos (quatro guias e quatro piões);
- três tocadores (músicos);
- um dançarino suplente que executa uma dança folclórica das terras de Miranda e que simula uma luta com paus.
Os dançarinos são guiados por uma gaita de foles. Esta é acompanhada por uma caixa de guerra e um bombo ou por flauta pastoril (tocada com três dedos).
Os Pauliteiros também tocam castanholas feitas à navalha, com desenhos gravados à mão.
Existe cerca de cinquenta conjuntos de danças e bailados diferentes.
Actualmente, as autarquias das terras de Miranda apoiam esta tradição, de forma a conservar esta dança que se encontra ameaçada, também, por grupos folclóricos que não seguem à risca o espírito dos Pauliteiros de Miranda.