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Receita de chanfana

in Sabores

Receita de chanfana

A chanfana é um prato regional da Beira Litoral. É um dos pratos tradicionais mais famosos, cozinhada nos caçoilos de barro.

O concelho de Miranda do Corvo é conhecido por ser a Capital da Chanfana que terá nascido em Semide.

Ingredientes

  • 1,5kg de carne de cabra velha
  • 0,75 dl de vinho tinto
  • 2 colheres de sopa de banha de porco
  • 6 cabeças de alho
  • louro q.b.
  • piri-piri q.b.
  • sal q.b.
  • pimenta q.b.

Receita de chanfana

Geralmente a chanfana confecciona-se na véspera de ser consumida. Limpa-se e corta-se a carne, coloca-se no vinho com os dentes de alho esmagados e os restantes temperos.

No dia seguinte vai ao fronde lenha, previamente aquecido.

Durante o tempo em que a carne estiver a assar (cerca de 4 horas), a boca do forno deve manter-se completamente vedada com barro. Assim, deixa-se ficar no forno até à hora de ser servida.

Nessa altura o barro é picado para se poder abrir a porta do forno.

A carne geralmente é acompanhada de batata cozida e grelos.

História

Segundo a lenda, a chanfana teria surgido no Mosteiro de Semide. Até finais do séc. XIX, todos os agricultores e rendeiros eram obrigados ao pagamento dos foros. Assim, o Mosteiro recebia dos moradores do seu couto os foros a que estavam obrigados. Galinhas, vinho, azeite, dias de trabalho, cabras e ovelhas, eram formas de pagamento. Durante o mês de Agosto e até ao dia de S. Mateus, as freiras de Semide recebiam as suas “rendas”.

Muitos dos moradores, porque eram pastores, pagavam com cabras e ovelhas. Ora, como as freiras não tinham disponibilidade nem meios para manter tão grande rebanho, descobriram uma fórmula para cozinhar e conservar a respectiva carne, aproveitando o vinho que lhes era entregue pelos rendeiros, o louro que tinham na sua quinta, bem como os alhos e demais ingredientes.

Gondramaz - Miranda do Corvo

Surge, assim, a chanfana que era religiosamente guardada ao longo do ano nas caves frescas do mosteiro. A carne assada no vinho mantinha-se no molho gorduroso solidificado, durante largos meses.

Segundo outros, terá sido durante a terceira invasão francesa que as freiras inventaram esta fórmula gastronómica para evitar que os soldados franceses roubassem as cabras e as ovelhas da região.

Finalmente, há quem diga que a receita da chanfana nada tem a ver com o Mosteiro de Semide, mas apenas com as invasões francesas. Diz-se, então, que, quando as tropas francesas andaram pela região da Lousã e de Miranda do Corvo, a população envenenou as águas para matar os franceses. Mas era preciso cozinhar a carne habitualmente consumida (de cabra e de carneiro) e, como a água estava envenenada, utilizou-se o vinho da região.

História da chanfana

A chanfana é um prato típico, não só no concelho de Miranda do Corvo como de praticamente toda a região centro. É muito apreciada e servida em bastantes restaurantes da zona. É de salientar que constitui o prato “obrigatório” quando decorrem as festas religiosas anuais, nomeadamente na vila, pelo S. Sebastião.

Em Miranda do Corvo existem dois pratos únicos derivados da chanfana: a Sopa de Casamento e o Negalho.